Projeto ensina idosos a usar tecnologias

Pessoas com 60 anos ou mais podem procurar a Prefeitura de suas cidades para participar do projeto, que inclui idosos ao mundo digital

Compreender o envelhecimento é um processo fundamental para que a vida seja leve e feliz. Amigos, parentes e companheiros acabam partindo, os filhos já têm sua vida trilhada e, muitas vezes, a caminhada dos mais experientes passa a ser cada vez mais solitária. Nestas horas, as redes sociais podem ser uma boa alternativa para evitar a solidão, manter a autonomia e se libertar da dependência emocional.

As tecnologias passam a ser boas companhias para idosos que têm dificuldades em se locomover e até mesmo para aqueles que têm família distante. De acordo com dados do IBGE, de 2022, a população idosa do Brasil cresceu 39,8% em relação aos últimos nove anos. A tecnologia é uma importante aliada na inserção social e na busca por informações para manter-se atualizado. Seu uso, inicialmente presente entre os adultos, já chegou às crianças e vem crescendo entre os idosos.

Se por um lado as gerações mais novas já nasceram com as redes sociais e tiveram pouco trabalho para se adaptar a esses meios, em contrapartida, os idosos não foram criados com fácil acesso às tecnologias. Por estes motivos, é necessário integrar os mais velhos ao mundo moderno, levando em consideração uma educação digital mais inclusiva.

Ademir Cipriano, de 65 anos, frequenta as aulas todas as quintas-feiras para se atualizar. Foto: Arquivo Pessoal/Gabriela Bortolato/Divulgação/Nosso TAL

Muitos idosos já estão presentes nas redes sociais e frequentam aulas do Projeto de Inclusão Digital destinadas aos mais velhos. Ademir Cipriano, que aos 65 anos participa das aulas do grupo de Inclusão Digital de Indaial, diz que buscou o projeto para se atualizar. “Eu estava me sentindo sem valor, sem utilidade, e participar disso é como uma terapia pra mim, me fez ter mais confiança quando uso as redes sociais e até mesmo os aparelhos eletrônicos”, afirma.

As aulas disponibilizadas pelas prefeituras e secretarias de Desenvolvimento Social de diversas cidades do Brasil também são modernas. Em Indaial, o professor ensina seus alunos a pedir Uber, fazer Pix, usar as redes sociais, fazer buscas na internet e várias outras coisas, baseando-se em um projeto piloto, que depende da demanda dos alunos, sem a necessidade de seguir um cronograma pré-definido.

O professor do grupo de Inclusão de Indaial e de Tecnologias, Rafael Vicente, conta que trabalha há 13 anos com ensino nesta área. Ele já deu aulas para todos as idades, mas que percebe que os mais velhos têm mais dificuldade. “Vejo que falta coragem para lidar com as tecnologias. Trabalhamos aqui para que eles percam o medo e criem mais coragem, sempre levando o ensino como uma brincadeira lúdica, para que eles aprendam se divertindo, facilitando todo o processo”, diz.

Rafael Vicente é professor há um ano desta turma. Foto: Arquivo Pessoal/Gabriela Bortolato/Divulgação/Nosso TAL

Benefícios das tecnologias

Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia de São Paulo – SBGG – SP, a inclusão digital é capaz de melhorar as funções cognitivas dos idosos, ampliar a comunicação e reduzir a solidão, já que incentiva a socialização e a interação com a família. Se arriscar a este mundo novo também permite o exercício da mente, estimula o uso da memória, promove a saúde física, por meio de aplicativos de saúde ou uso de despertadores para tomar medicação. Além de manter a independência e criar consciência no uso das redes, evitando cair em golpes, sendo ótimas companhias para passar o tempo.

Como praticar a inclusão

O primeiro passo é o incentivo da família. Também é necessário que o usuário tenha algum aparelho com acesso à internet. Muitas prefeituras já proporcionam à população com mais de 60 anos aulas gratuitas nas secretarias de Desenvolvimento Social dos municípios, que ensinam a mexer nas redes sociais, fazer buscas na internet e como se prevenir para não cair em golpes on-line.

Em Indaial, o projeto de Inclusão Digital para a Terceira Idade acontece desde 2021, de forma gratuita. Em agosto de 2022, o projeto foi retomado e é desenvolvido no Polo da Universidade Aberta do Brasil, na rua Marechal Floriano Peixoto, 49, no centro da cidade. Os encontros duram cerca de duas horas, e ocorrem às quintas-feiras, das 14h às 17h, para iniciantes, e nas quartas e sextas-feiras, das 8h às 11h, para usuários que já participaram do projeto anteriormente e pretendam se atualizar.  

“Nosso objetivo é apresentar as principais ferramentas disponíveis, como usá-las e também ficar atento a possíveis golpes realizados através dos meios digitais”, explica a gerente de Promoção da Terceira Idade de Indaial.

Sirlene da Veiga
O projeto de Inclusão, promovido pela Prefeitura de Indaial, voltou a acontecer na cidade depois que a pandemia estabilizou. Foto: Arquivo Pessoal/Gabriela Bortolato/Divulgação/Nosso TAL

Mais idosos e menos crianças

Segundo dados do Ministério da Cidadania, em 2017, o número de idosos no Brasil já alcançava 14,6% da população, somando cerca de 30,3 milhões de pessoas com mais de 60 anos. Para 2030, a estimativa do IBGE é que o número de idosos ultrapasse a quantidade de crianças de 0 a 14 anos, totalizando 18,73% da população.

Dica sobre ensino de tecnologias para idosos. Arte: Palôma Cunradi/Divulgação/Nosso TAL.

Por Gabriela Bortolato

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