Projeto de marcação de animais silvestres receberá auxílio de fundo municipal

Recursos do Fundo Municipal do Meio Ambiente serão utilizados para a aquisição de materiais que são utilizados no processo de identificação dos animais

O Conselho Municipal do Meio Ambiente (CMMA) aprovou o projeto de Marcação de Animais Silvestres como uma das iniciativas de Blumenau que receberá recursos do Fundo Municipal do Meio Ambiente (FMMA). O projeto, inscrito pela Universidade Regional de Blumenau (FURB), foi criado e é desenvolvido pelo Serviço de Atendimento a Animais Silvestres de Blumenau (SAASBlu).

O projeto desenvolvido pelo SAASBlu propõe a marcação de animais silvestres com anilhamento (pequeno anel metálico ou plástico preso na pata do animal) ou microchip. Os animais que foram atendidos pela SAASBlu e que tiveram uma boa recuperação são marcados com estes materiais após o tratamento.

O coordenador do SAASBlu e professor do curso de Medicina Veterinária da FURB, Júlio César de Souza Júnior, explica que o projeto é importante para identificar os animais e individualizá-los, processo que é feito a partir da marcação.

Esse processo de identificação, segundo Souza Júnior, é importante para monitorar por quanto tempo o animal que é solto após o tratamento consegue ficar na natureza. No caso de retornar para o serviço de atendimento, o monitoramento é importante para identificar qual ocorrência ele teve e acompanhar o histórico do animal no atendimento especializado.

Como surgiu o projeto e onde os recursos serão aplicados

O coordenador do SAASBlu explica que o projeto de marcação surgiu a partir da própria demanda de atendimento dos animais atendidos pela FURB. “A gente recebe em torno de 300 animais por ano. Ano passado, deu 286 animais, e esse ano a gente já passou desse número”, afirma Souza Júnior. Do total de animais recebidos pelo projeto, entre 10% a 12% tem condições de retornar à natureza.

O auxílio que o projeto vai receber do Fundo Municipal do Meio Ambiente será utilizado na aquisição de microchips, transponders, anilhas, leitores de transponders e alicates de anilhamento para fazer a marcação.

Embora tenha sido aprovado pelo Conselho Municipal do Meio Ambiente, o projeto do SAASBlu ainda não recebeu o recurso previsto. De acordo com Souza Júnior, até o dia 1º de outubro a Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) não havia disponibilizado os recursos. Também não havia definição sobre a data em que isso seria feito.

Procurada pela reportagem nos dias 2 e 4 de outubro, a assessoria de imprensa da Semmas não respondeu as perguntas sobre quando os recursos seriam disponibilizados para o SAASBlu ou para os outros projetos contemplados.

A iniciativa de marcação de animais silvestres em Blumenau foi um dos cinco projetos aprovados pelo edital lançado pela Prefeitura da cidade. O recurso destinado para esses projetos é de R$ 55 mil, mas ainda não foi definido o valor que cada projeto aprovado vai receber.

O edital do processo foi lançado em março de 2021 visando receber planos e projetos que ajudem o meio ambiente de Blumenau. A Semmas recebeu 19 propostas. A aprovação dos projetos aconteceu em julho, com a Semmas sendo responsável pela aprovação dos documentos dos inscritos. 

Como é feito o atendimento de animais silvestres

O SAASBlu é um projeto de extensão da FURB criado em 2017 e desenvolvido através de um convênio com a Polícia Militar Ambiental. A iniciativa surgiu a partir da identificação de que era necessário criar um serviço para atender animais silvestres que sofrem algum tipo de acidente na região de Blumenau. 

O projeto, que teve suas atividades interrompidas em 2018, por falta de recursos para custear os medicamentos e tratamentos para os animais, voltou em 2019 graças a um convênio firmado com a Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade e com a Secretaria de Saúde da cidade. 

O serviço de atendimento recebe diversos animais da região. De acordo com o coordenador do projeto, quase 80% dos casos são de aves. Os outros casos são de mamíferos, que representam quase 20% dos atendimentos. O serviço ainda atende alguns casos de répteis e anfíbios. Os animais com maior número de atendimento são as corujas, no grupo das aves, e os gambás, no grupo dos mamíferos. 

“Em geral, as principais causas de recebimento (dos animais) são: atropelamentos, ataques por animais domésticos (por cães, principalmente, mas gatos também), as colisões, eletrocussões e animais mantidos ilegalmente, principalmente os passarinhos”, explica Souza Júnior sobre os principais casos atendidos pelo SAASBlu.

Quanto ao atendimento, quem presta os primeiros socorros é a Policial Militar Ambiental, que atende os chamados dos moradores locais. Depois do resgate, os animais são levados para o Hospital Escola da FURB.

O atendimento dos animais silvestres no local é realizado por professores de Medicina Veterinária da universidade, com auxílio de alunos dos cursos de Medicina Veterinária e de Ciências Biológicas. Muitos acadêmicos da universidade trabalham no local como voluntários e com um sistema de escala, sempre com a supervisão dos professores.

Os animais, após serem tratados e receberem alta, são devolvidos à natureza. Se necessário, eles são enviados para criadouros legalizados, zoológicos ou para o Centro de Triagem de Animais Silvestres de Florianópolis.

O projeto mantém uma “vaquinha online” para custear parte das despesas do Hospital Escola. Essa vaquinha é realizada pelos alunos dos cursos de Medicina Veterinária e de Ciências Biológicas.

Segundo o site Doação Legal, o SAASBlu já resgatou mais de 200 animais de 50 espécies. Em casos de ocorrências, os telefones (47) 3378-8480 ou 3378-8477 estão disponíveis para atendimento em toda a região. Acompanhe mais sobre o projeto acessando o Instagram do SAASBlu.

Confira imagens de alguns animais resgatados pelo projeto

Crédito das imagens: SAASBlu/Divulgação/Nosso TAL

Outros projetos aprovados

Além do projeto de marcação de animais silvestres, outros quatro projetos foram aprovados pelo CMMA e vão receber parte do auxílio disponibilizado pelo Fundo Municipal do Meio Ambiente (FMMA). Confira uma breve apresentação sobre os outros projetos contemplados pelo edital da Prefeitura de Blumenau:

  • Revitalizando para Educar: realizado pela Associação de Pais e Professores da E.E.B. (Escola Estadual Básica) João Durval Muller, o projeto busca revitalizar o bosque do educandário e envolver os alunos nesse processo;
  • Alte Baume Von Blumenau: liderado por Glaucia Gebien, o projeto tem o objetivo de diagnosticar a condição fitossanitária de 23 árvores declaradas imunes ao corte na cidade;
  • Criação da Trilha do Despertar: proposto pelo CEI (Centro de Educação Infantil) Erwin Pasold, o projeto pretende viabilizar o uso de uma área verde ao lado do CEI, tornado o espaço adequado para projetos de educação ambiental envolvendo as crianças do educandário;
  • Morcegos de Blumenau: projeto proposto por Artur Stanke Sobrinho e Carlos Henrique Russi que prevê o recolhimento de informações sobre as espécies que vivem na região, além de desenvolver áreas para conservação destas espécies e o desenvolvimento de material para a divulgação de informações sobre estes animais.

Repórter: Lucas Trapp Serpa.
Editora: Gabriela Milena Bortolato.

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