Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil aponta que apenas 45% dos bebês menores de seis meses tem amamentação exclusiva.
O crescimento de um bebê é extremamente delicado, qualquer erro pode acarretar em problemas para o restante da vida da pessoa. A pandemia afastou as mães dos consultórios de pediatras por medo de contraírem a Covid-19, impossibilitando o acompanhamento dos pediatras nos primeiros meses de vida da criança.
A campanha “uma vacina protege dois” para que as autoridades incluíssem as lactantes como grupo prioritário da vacina contra o Covid-19 trouxe novamente a discussão sobre a importância do leite materno. A Organização Mundial de Saúde orienta que todo bebê tenha amamentação exclusiva até os seis meses de idade, contudo, o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani) mostra que, apesar de melhora no índice, apenas 45% dos bebês recebem essa alimentação exclusiva.

A pesquisa, que é coordenada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e encomendado pelo Ministério da Saúde, traz que até os 4 meses de idade 60% dos bebês recebem amamentação exclusiva, e quando considerado até os 6 meses de idade, o índice cai para 45%. Esses dados apresentam significativas melhoras, se comparado com a pesquisa anterior, realizada em 2006, em que 37,1% dos bebês de até 6 meses de idade possuíam amamentação exclusiva.
“O leite materno é essencial para o desenvolvimento da saúde do bebê, ele está recebendo um alimento que é específico para ele. Então sim, existe vários benefícios para a criança, um deles é o efeito imunológico, é através do leito materno que o bebê recebe anticorpos, é transmitido também uma substância chamada IGA secretora, que é uma substância que protege as mucosas ajudando a diminuir a chance de alegrias”, explica a pediatra Angélica Luciana Nau.
Desafios
A amamentação não é algo simples e devido a sua importância merece apoio da sociedade. É possível relacionar a queda de 15% na amamentação entre bebês de 4 meses e 6 meses com a interrupção da licença maternidade, que segundo a Lei Federal nº 10.421 é de 180 dias.
A jovem Jacyanaê Xavier foi mãe aos 17 anos e sofreu muito no início com a falta de experiência. As primeiras vezes amamentando ela quase desistiu, mas com o passar do tempo ela começou a pesquisar e entender mais sobre o assunto.

“Quando comecei a amamentar a Lívia, ela não aceitava o peito, então na primeira consulta de rotina com a pediatra eu levei um peito artificial, mas a médica me explicou que isso não podia e depois disso comecei a pesquisar mais sobre amamentação e hoje em dia posso dizer que essa minha vontade de procurar mais sobre a dificuldade que eu tinha de amamentar me ajudou muito”, diz Jacyanaê.
Depois de passar por esse processo a Lívia se adaptou tão bem ao peito que a mãe conseguiu amamentar ela até os seis meses somente com o leite materno. Hoje a Lívia vai completar dois anos e em algumas situações ainda pede para mamar.
Segundo a pediatra Angélica, a amamentação supre todas as necessidades nutricionais da criança, até os seis meses de vida, somente o leite materno deve ser introduzido na alimentação do bebê, porém existem muitas dúvidas sobre o assunto.
Amamentação na Pandemia
Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Pediatria, constatou que durante a pandemia de Covid-19 o número de consultas a pediatras caiu 61%, um número extremamente preocupante, visto que os seis primeiros meses de vida são extremamente essenciais para toda a vida do bebê.
Jacyanaê, 19, foi mãe foi mãe no início de 2020 quando começava a pandemia e conta que por medo de contrair o vírus do Covid-19 deixou de levar sua filha às consultas médicas

“Quando a pandemia começou eu senti muito receio em levar minha filha para as consultas de rotina com a pediatra, por ser um ambiente onde existe muita circulação de pessoas a chance de contrair o vírus é maior. Ficando em casa por um lado estaríamos protegidas do corona”, diz Jacyanaê.
Já Laura Petry continuou indo para as consultas. A jovem de 18 anos é mãe de um bebê de cinco meses.

“Durante a pandemia eu continuei levando o meu filho em todas as consultas com a pediatra, então todo mês tem o acompanhamento com a médica para a gente saber como está o peso, se ele está se desenvolvendo bem ainda mais agora com a transição do leito do peito para o leite da fórmula”, conta Laura