Projeto apresentado pelo Presidente do Brasil propõe, entre outros aspectos, que pais não sejam mais multados por não levarem seus filhos pequenos em cadeirinhas de retenção no veículo
Edemir Júnior
Na última semana, o Presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, encaminhou ao Congresso Nacional um projeto de lei que dobra o limite de pontuação na CNH de 20 para 40 pontos e estende a validade da carteira de motorista de cinco para 10 anos.
No entanto, a medida que gera mais polêmica é a alteração que o projeto propõe quanto ao uso da cadeirinha de retenção. Com a proposta, os pais que não usarem a cadeirinha em crianças de até sete anos e meio não serão mais punidos com multa – perda de pontos na CNH e prejuízo financeiro.
De acordo com a agente de trânsito Sheila Almeida, o uso da cadeirinha de retenção em crianças pequenas é de suma importância. Segundo ela, o uso adequado das cadeirinhas reduz em até 70% o risco de morte e lesões de crianças depois de uma batida de carro. “Vai totalmente na contramão do que preza a segurança (a não obrigatoriedade do uso). O equipamento proporciona mais conforto aos pequenos e, acima de tudo, serve para protegê-los em caso de acidente ou situações de freadas bruscas, que projetam o corpo para frente”, alega Sheila.
A agente, além de estar no contato diário com o trânsito, também é mãe de dois filhos e diz temer o futuro das crianças nos veículos, pois para ela, se for realmente tirada a obrigatoriedade do usa da cadeirinha, a maioria dos pais não vão aderir ao equipamento: “só aquele pai que realmente se preocupa com a integridade física de seus filhos. A maioria se preocupa mais com a notificação que o agente público pode lhe aplicar, do que com a segurança de seu filho, pois se não for mais obrigatório quase ninguém mais vai aderir a esse equipamento de segurança que salva vidas”.
Se com um ou dois filhos já é perigoso de transportar no carro sem os equipamentos de segurança, imagine com trigêmeas. É esse o caso de Michele Odorizzi, que leva e busca todos os dias suas três filhas de quatro anos na creche. Para ela, a possível mudança no Código de Trânsito Brasileiro não vai mudar o seu cuidado com as filhas. “Mesmo que a lei mude, vou continuar com o uso das cadeirinhas. Sempre vou zelar pela segurança das minhas filhas. É uma questão de consciência”, afirma Michele.